
Com o crescente uso de dispositivos móveis, como celulares e tablets, a perícia em tais dispositivos tornou-se essencial para investigações judiciais e extrajudiciais. Este artigo visa abordar a importância da perícia em dispositivos móveis, focando em smartphones e no sistema operacional Android, com base em informações gerais e em técnicas específicas descritas no documento "Perícia Forense Computacional em Telefones Celulares com Sistema Operacional Android."
1. Crescimento do Uso de Dispositivos Móveis e sua Relevância
Atualmente, a maioria das interações entre pessoas e suas atividades na internet ocorre por meio de smartphones. No Brasil, há mais celulares do que habitantes, o que reforça a importância desses dispositivos em nossa vida cotidiana. Os smartphones registram e armazenam diversos tipos de dados que constituem a chamada "vida digital" dos usuários, abrangendo informações como localização, fotos, vídeos, e-mails, senhas e dados bancários.
Esses dispositivos são ferramentas cruciais em investigações, pois possuem uma grande quantidade de informações que, quando analisadas, podem esclarecer a participação de indivíduos em crimes ou auxiliar em investigações civis. O aumento na demanda por perícia em dispositivos móveis reflete essa realidade.
2. O Papel do Perito em Dispositivos Móveis
A perícia em dispositivos móveis é conduzida por especialistas capazes de extrair dados de aparelhos como smartphones, smartwatches, tablets e outros equipamentos eletrônicos. O perito judicial é nomeado pelo juiz e tem o papel de materializar evidências técnicas e auxiliar na elucidação de dúvidas do juízo e das partes envolvidas. O trabalho desse profissional é imprescindível para o esclarecimento de fatos em processos judiciais.
Além disso, o perito assistente técnico, contratado por uma das partes, atua no levantamento de provas e formulação de quesitos técnicos que podem embasar a defesa ou acusação, colaborando diretamente com a estratégia da parte que o contratou.
3. O que o Smartphone Armazena?
Os smartphones são verdadeiros cofres de dados pessoais e profissionais. Eles armazenam informações como:
Registro de ligações: Incluindo localização de onde a ligação foi realizada.
Fotos e vídeos: Com informações de geolocalização, data e hora.
Áudios gravados: Muitas vezes usados para comprovar fatos.
Prints de telas: Utilizados como comprovantes de transações ou mensagens.
Mensagens e e-mails: Fontes valiosas de evidências.
Geolocalização: Rastreia a movimentação do usuário.
Histórico de navegação: Consultas na internet podem ser recuperadas.
Essas informações, quando analisadas de forma pericial, podem ser cruciais para uma investigação criminal ou civil. Além disso, os dados obtidos a partir de dispositivos móveis podem ajudar a traçar o perfil de comportamento dos usuários e mapear ações específicas em momentos importantes.
4. Perícia em Dispositivos com Sistema Operacional Android
O sistema operacional Android é amplamente utilizado em smartphones e outros dispositivos móveis, e a perícia nesses aparelhos exige conhecimento técnico específico. De acordo com o documento "Perícia Forense Computacional em Telefones Celulares com Sistema Operacional Android", a extração de dados pode ser feita de várias maneiras, incluindo o uso de comandos ADB (Android Debug Bridge), que permite ao perito acessar arquivos e informações do sistema.
As etapas de perícia em dispositivos Android podem incluir:
Acesso ao Bootloader e Modo Fastboot: Necessário para desbloquear o aparelho e acessar os dados armazenados.
Extração de Dados: O uso de ferramentas como AFLogical e Recovery Mode permite a extração de arquivos, senhas, e até mesmo dados que tenham sido deletados.
Manipulação de Dados SQLite: Muitos dados dos smartphones Android são armazenados em bancos de dados SQLite, o que facilita a recuperação e análise dessas informações.
A perícia em dispositivos Android pode ser mais complexa devido às várias versões do sistema operacional, cada uma com suas particularidades e níveis de segurança. O perito deve estar familiarizado com essas variações para obter sucesso na coleta de evidências.
5. Ferramentas Utilizadas na Perícia em Dispositivos Móveis
Diversas ferramentas forenses são utilizadas para automatizar o processo de extração de dados em dispositivos móveis. Entre as mais conhecidas estão:
Cellebrite Physical Analyzer: Utilizado para quebra de senhas em dispositivos iOS e Android.
Mobiledit Forensic Express: Extração de dados de smartphones Android.
Oxygen Forensics: Ferramenta robusta para análise forense.
AFLogical: Utilizado para coletar dados de dispositivos Android.
Magnet Axiom: Ferramenta que oferece análise aprofundada de dispositivos móveis.
Essas ferramentas permitem ao perito extrair e analisar dados de maneira eficiente e precisa, garantindo que todas as informações relevantes sejam obtidas de forma segura e que a cadeia de custódia das provas seja mantida.
6. Desafios da Perícia em Smartphones
Realizar perícias em smartphones pode ser desafiador, especialmente em dispositivos protegidos por criptografia ou bloqueios de fábrica. No caso do sistema operacional Android, muitos dispositivos têm o bootloader bloqueado, o que impede a extração de dados sem o desbloqueio adequado.
Adicionalmente, o uso de ferramentas específicas para cada modelo de smartphone, como os mencionados para o Samsung Galaxy e o Motorola Moto G, é crucial para o sucesso da perícia. Cada aparelho pode ter diferentes formas de armazenamento e sistemas de proteção, o que demanda conhecimento técnico avançado por parte do perito.
7. A Importância da Cadeia de Custódia
É fundamental que o perito mantenha a integridade da cadeia de custódia durante todo o processo pericial. Qualquer falha nesse aspecto pode comprometer a validade das provas, tornando-as inadmissíveis no processo judicial. Por isso, todo o procedimento de extração, análise e armazenamento dos dados deve ser rigorosamente documentado.
8. O Futuro da Perícia em Dispositivos Móveis
Com o avanço da Internet das Coisas (IoT), a tendência é que cada vez mais dispositivos móveis e conectados sejam incluídos no escopo da perícia forense. Dispositivos como smartwatches, centrais multimídia e até mesmo eletrodomésticos conectados gerarão dados que poderão ser utilizados como provas em investigações futuras.
Essa evolução aumenta a importância do papel do perito forense, que precisará estar sempre atualizado com as novas tecnologias e técnicas de extração e análise de dados.
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